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Jade Carneiro é destaque no universo das tatuagens e acumula prêmios em convenções por todo o país

COM A PALAVRA - Qual o seu primeiro contato com a tatuagem?

JADE CARNEIRO - Meu pai já tatua sozinho há mais ou menos dez anos, e precisava de alguém para atender aqui no estúdio, informalmente como secretária. Então eu tinha terminado o ensino médio e vim ajudá-lo. E a partir daí a gente passou lá pra dentro do estúdio. Eu já desenhava, porém era coisa corriqueira de escola. Ai eu fui estudando mais sobre desenho, e partindo disso começamos a entrar no mundo da tatuagem.


 

C.P – Em que momento você percebeu que a arte de tatuar dava pra virar profissão?

JADE - Nunca me passou pela cabeça virar tatuadora, porém a partir do momento que eu tive o primeiro contato, fui percebendo que estava dando resultado e o pessoal estava gostando, e aquilo foi tomando forma. Então é que eu decidi que era isso que eu iria fazer o resto da vida.


 

C.P- Você é hoje referência em tatuagem aquarelada. Mas há outros tipos de tatuagem que você se identifica?

JADE - Sim. Aqui em Campina Grande ainda existe muito preconceito com tatuagem. A gente percebe que são poucas pessoas que têm tatuagens expostas. Mas no dia a dia, as pessoas preferem as mais simples como letras, símbolos e desenhos pequenos. A aquarela aqui na cidade não é tão comum, mas em ouros lugares, como Recife, as pessoas procuram mais. Entretanto, o único trabalho que eu não executo é o tribal, realismo e oriental, que eu passo para o meu pai porque não tenho tanto conhecimento da técnica.


 

C.P – Seu público é mais constituído de homens ou mulheres?

JADE - Aqui recebemos mais mulheres, até mesmo pelo estilo do trabalho. O homem prefere tatuagens como tribal, ou seja, mais robusta e pesada, e aí procuram meu pai que realiza esse trabalho muito bem. Porque comigo o traço é mais delicado como, por exemplo, letra e aquarela.


 

C.P - Tem alguma tatuagem que você já fez e considera complexa?

JADE - As tatuagens de convenção que a gente participa são marcantes, mas não que as do dia a dia não sejam. Porém por estar na convenção tem aquele sentimento de que tem que realizar um trabalho bom, porque será avaliado por tatuadores de todo Brasil. Já realizamos trabalho em conjunto, como por exemplo, na convenção de João Pessoa que realizamos uma tatuagem que se completava em dois corpos.

C.P – Dá para se notar claramente que o seu pai foi uma influência muito importante na escolha da sua profissão. Mas além do seu pai existem outras pessoas que você considera como referência?

JADE - De aquarela eu considero um tatuador de Recife, chamado Paulo Vitor, e em São Paulo, Vitor Otaviano, são muito bons. Inclusive com o Paulo, nós competimos juntos, e pra mim é uma referência, mas existem inúmeros.


 

C.P – Em sua opinião, o número de tatuadoras ainda é considerado pequeno?

JADE - Sim. Por mais que a gente veja muitas mulheres trabalhando, essa é uma profissão que o número de homens tatuadores prevalece. Muita gente pergunta se eu sofri preconceito, aqui em Campina Grande nunca. Mas noto que as pessoas ainda preferem fazer tatuagens com Sóstenes Lopes (seu pai). Porém eu considero uma coisa boa, porque sei que meu trabalho carrega uma característica que a pessoa está procurando. Ainda falando sobre a questão das mulheres, em Recife a gente viu muito isso, que geralmente sempre quem participa das convenções são homens, mas nessa tiveram muitas mulheres, inclusive eu e outra tatuadora que ganhamos um prêmio.


 

C.P – Desde que começou a tatuar, você imaginou que chegaria a um nível tão alto de reconhecimento?

JADE - Não. Eu sempre acho que posso melhorar. Então o reconhecimento é bom, mas tem que ralar e sempre procurar aprender, porque nunca se está em um nível suficiente. É como meu pai diz: a gente aprende 1% por dia, mas nunca chegamos nos 100%.


 

C.P – Falando um pouco sobre o estúdio, de onde surgiu esse nome Mahadeva Custom Tattoo? Já pensaram abri-lo em outro local?

JADE - Eu já ouvi do meu pai que é budista. Esse nome faz referência a um deus Hindu. Ele, como tem muito crença nisso, acabou adotando esse nome para o estúdio. A gente pensou em abrir em outros locais, mas não é nada muito concreto. Porque por enquanto só somos eu e ele (seu pai). Para abrir em outro local teríamos que ter outros tatuadores, devido a isso ainda não foi possível.


 

C.P – Jade, tendo em vista que é uma referência, pretende passar esse conhecimento para outras mulheres através de um curso, por exemplo?

JADE - Nunca pensei em ensinar tatuar, até porque meu pai leva bem mais jeito para isso, eu não (risos). Mas sempre que aparece alguém afim, eu dou algumas dicas.


 

C.P – Você hoje se sente realizada fazendo tatuagem?

JADE - Sim. Mas eu acho que posso ir além. É como eu disse, tenho muita coisa para aprender e estudar. Então é uma constante busca por conhecimento, mas eu sou muito realizada por tudo que eu construí até agora e espero construir muito mais.

Foto: Acervo Pessoal

Ela tem só 23 anos. Tatua desde os dezoito, e apesar do curto tempo de profissão, já ganhou inúmeros prêmios em convenções e reconhecimento nacional na área em que atua. A paraibana foi considerada pela revista brasileira Follow The Colours, - uma revista que traz conteúdo informativo e criativo sobre arte, sendo uma das principais referências no campo da tatuagem - uma das doze melhores tatuadoras do país no estilo aquarela – arte na qual o profissional trabalha com pinturas feitas com tinta diluída em água.

"Sou muito realizada por tudo

que eu construí até agora e

espero construir muito mais"

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  Jade Carneiro 

Fomos até o Studio Mahadeva Custom Tattoo onde trabalha a artista para buscar saber um pouco mais da história desta personagem que está levando a Paraíba a muitos lugares do país.

Entrevista produzida por:

Erivaldo Laurindo

Iago Bruno

Renally Amorim

Rudielle Mendes

 

Novembro de 2016

A arte de tatuar, por Jade Carneiro. Confira!

Conheça um pouco mais sobre o trabalho de Jade:

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