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Diante de uma situação de improviso, o que era apenas uma brincadeira, tornou-se coisa séria.  A dança passou a ter um significado especial na vida de Hianne Barreto Alves, 25 anos, natural da cidade de Campina Grande, na Paraíba. Sua primeira experiência com dança surgiu aos 17 anos, de forma despretensiosa, sem incentivos educacionais, nem recursos financeiros. Mas através das motivações e ajudas de colegas, Hianne, que pouco entendia sobre esta arte, foi buscar meios de conhecer essa expressão artística, através de vídeos; com amigos que já praticavam, ela descobriu a Danças Urbanas.

 

À medida que mergulhava neste universo, a paixão e dedicação só aumentaram. Junto com outros amantes dessa arte, ela ajudou a formar um grupo na cidade de Campina, o “Let’s Go Grupo de Dança”, grupo este bastante premiado em festivais e competições locais e estaduais. Além de elaborar as coreografias, Hianne atualmente é a líder do grupo. Para sobreviver ela ministra aulas de dança em um estúdio da cidade, o Mosaico Estúdio de Dança, onde também é dançarina.

 

Na edição do DOM Dança, concurso de dança promovido pela TV Itararé, afiliada da TV Cultura, o Let’s Go Grupo de Dança participou e ganhou em primeiro lugar como melhor grupo, primeiro lugar no voto popular do grupo, ganharam também o primeiro lugar melhor duo, e segundo lugar melhor coreografia duo. A seguir vamos conhecer um pouco mais da história dessa paraibana, que fez do amor à dança seu ofício.

 

Dançarina conta tudo sobre sua trajetória

 Foto: Acervo da ONG

COM A PALAVRA - Como aconteceu o encontro entre você e a dança de rua? 
HIANNE BARRETO – Quando fui estudar no Colégio (Estadual da Prata), já existia o grupo de dança da Prata e também, à época um festival colegial que consistia em teatro, música e dança e eu acompanhei esses festivais da plateia, em 2006 e 2007. Acabei me interessando, mas não sabia dançar, até que uma amiga que dançava, me emprestou uns vídeos e foi quem incentivou. Através dela conheci outros grupos e pessoas ligadas à área.

 

C.P - Como e quando surgiu o nome do grupo?

HIANNE - No final de 2008 a gente começou a ver que precisava ampliar e não ser apenas um grupo do colégio. Para ter mais apoio e participar de eventos maiores tínhamos que ter um nome e começamos a pensar em vários que se identificasse com o que queríamos do público, que era sempre um público participativo. Falei primeiro “Let’s Bora”, pra não americanizar tanto a coisa, e Ju falou ‘Let’s Go Grupo de Dança’ e ficou.

 

 

C.P - Como é praticar a dança e competir em eventos sem maiores condições? Quais as dificuldades?

HIANNE - É difícil. Em 2011 nós vimos através do Orkut (rede social) que aconteceria o FENERD, o Festival Nordeste de Dança de Rua, em Cajazeiras. Com ajuda de amigos realizamos um workshop, levantamos uma grana e fomos ao evento com carro alugado, por três dias. Nesse evento ficamos em primeiro lugar e ganhamos como melhor grupo, melhor direção e um dos nossos membros como melhor dançarina.

 

C.P - Qual estilo de dança você ensina e como é ensinar dança?

HIANNE - Procuro sempre fazer as aulas. Dava aula no Estúdio de Maíara Silveira e agora trabalho no Mosaico Estúdio de Dança, ensinando dança de rua para iniciantes e para quem tem noções básicas do estilo. É incrível poder ensinar as pessoas aquilo que me traz felicidade. Se estou estressada a dança me alivia, eu vou para as aulas com uma carga do dia-a-dia, saio molhada de suor, mas com os ombros leve. A dança tem esse poder de me acalmar, de me trazer paz. Todo momento eu estou dançando, se vejo algo na rua, já estou pensando: isso dava uma coreografia.

 

C.P - O que difere Danças Urbanas de outras danças?

HIANNE - O que difere Danças Urbanas de outros tipos de danças é a energia.  Cada tipo de dança tem a sua técnica e o seu propósito, mas Danças Urbanas transmitem uma energia, você olha e vê que aquela pessoa está dançando com vontade.

 

C.P - É possível viver hoje em Campina Grande apenas da dança?

HIANNE - Não, não é possível. São raros os eventos que acontecem hoje em Campina Grande, os que acontecem geralmente não tem cachê, muitas vezes nós precisamos pagar para nos apresentar. A dança ainda é muito desvalorizada na nossa cidade. Portanto, no nosso grupo a maioria tem uma atividade remunerada principal e a dança é uma segunda opção, mas é a segunda opção que nos dá prazer. A gente pra poder ter cursos e oficinas, geralmente pagamos para uma pessoa de fora vir nos dar aula, muitas vezes eles vêm cobrando apenas a passagem e alimentação. Quando tem um curso fora, não é possível todos do grupo irem, então vai um, e na volta ensina para os demais o que aprendeu.

 

C.P - O Let’s Go funciona como uma escola para seus integrantes, como isso ocorre?

HIANNE - Nós criamos no nosso Grupo uma espécie de escola, cada integrante se especializa em uma área da Dança de Rua. Por exemplo, eu passo um mês dando aula ao Grupo de ‘Break’, que é um estilo dentro da Dança de Rua. Enquanto isso, outro integrante está estudando outro estilo, e no próximo mês é a vez dele nos dar aula. E assim a gente vai se atualizando.

 

 

 

Entrevista produzida por:

Ana Caroline Costa Vieira
Beatriz Augusta Costa Vieira
Emanuelle Carvalho Rocha
Luana Gregório Pereira
Janielson Santos

 

19/12/2015

 

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“Tudo que vejo

penso: ‘isso poderia

ser uma coreografia’.” 

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  Hianne Barreto  

 Fotos: Acervo da ONG

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